sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Habitar e Sentir Alfama: uma casa para o próprio



"O dar e receber entre as obras e o espaço envolvente. Uma surpresa. Um enriquecimento... um ambiente, uma disposição do espaço construído que comunica com os observadores, habitantes e visitantes e, também, com a vizinhança, que os contagia.
A leitura do local, a descoberta de objectivo, sentido e finalidade do projecto, o projectar, planear e formular da obra é por isso, não um processo línear, mas sim multiplamente entrelaçado."
em, Prefácio do Atmosferas, por Brigitte Labs-Ehlert

...localizada em Alfama, no Largo das Portas do Sol, este projecto está inserido num contexto académico, no âmbito da disciplina de Projecto III, do curso de Arquitectura da Universidade Lusíada de Lisboa. Esta proposta surge da intenção de criar um paradoxo no espaço urbano, voltando as costas a uma vista priveligiada sobre o rio Tejo, voltando as atenções para a cidade.

A proposta promove assim, para além do suposto programa privado que é a habitação, um percurso público que conduz as pessoas até um miradouro/esplanada voltada para a cidade.


Ambos os espaços (habitação/percurso público) resultam pela existência do outro, por exemplo, com a distinção dos espaços programáticos da habitação, e correspondentes diferenciações de pés-direito, o percurso alterna a velocidade de utilização do público, distinguindo o que são espaços de permanência, ou de passagem. Esta variação do percurso, em termos de espaço/tempo é acompanhada pela existência de limites bem delineados, que fazem também eles a distinção do que é o público, permitindo o olhar para a vista que se vai tendo consoante o percurso, e do que é privado, mantendo, lá está, a privacidade, evitando os olhares do público através do muro elevado para o interior do pátio da habitação.

"A habitação não tem de ser um festival de formas e acontecimentos. A habitação é o mais corrente na cidade, portanto tem que ser o mais neutro."
por Manuel Graça Dias


O projecto é, como já dei a entender uma casa-pátio, pátio este através do qual se acede para os vários espaços da habitação, sejam eles espaços privados ou sociais. O espaço da habitação, por assim dizer, é construída em função do pátio, que para além de construir o já referido acesso, faz a separação do social e privado e ainda é fonte luminosa da casa.


A casa é composta por, como já foi dita, duas áreas independentes, uma privada e a outra social. A área privada é composta por uma sala de estar, uma instalação sanitária, um quarto de dormir e um quarto/sala de leitura. Por sua vez, o espaço social, mais virado para a vida social, é composto por uma sala de estar com lareira, uma cozinha e um atelier/espaço de trabalho, que tem acesso directo pelo exterior, não tendo assim que receber as visitas de trabalho no interior da habitação. O acesso a estes espaços sociais é efectuado através de um "alpendre" (espaço de transição) existente no pátio, ou seja, um espaço exterior coberto.


A proposta seria construída em betão e teria tratamento diferenciado no espaço da habitação para o espaço público do percurso. Na habitação, as paredes seriam rebocadas e pintadas de branco, existindo um embasamento em pedra lioz no pátio. Este pátio possuíria pavimento em gravilha, à excepção da zona coberta, em que seria forrada a pedra lioz. No seu interior, as paredes seriam tamém elas pintadas de branco, e os pavimentos seriam em madeira maciça de pinho de Riga nos espaços privados, e pedra mármore "Cristalino Lagoa" nos espaços sociais.


Quanto ao espaço público, seria todo ele forrado em pedra lioz. Estes materiais, nomeadamente os de exterior, foram escolhidos de maneira a procurar respeitar o uso tradicional de materiais da região de Lisboa, procurando também aqui uma maior relação com o sítio...

P.S.: mais tarde será adicionada mais informação digital, plantas, cortes, diagramas e renders para melhorar e facilitar a leitura... obrigado pela compreensão!